10.29.2006

Tempo e tempo


Hoje acordei como o tempo. Não como o tempo que não se fez esperar e que passou sem me avisar, mas como o tempo que amanheceu envolto numa angustiante neblina e pingos de chuva lentos e desordenados. Senti-me ancorado num espaço de tempo que não é o meu. O mesmo tempo que eu esperei de sol e luz revelou-se triste e frio. Acordei e olhei através da janela, o tempo lá fora reflectia o tempo cá dentro. Os deuses espelharam no dia a minha alma.

Paulo Sousa

10.07.2006

Versos Teus

Estranho o poema de amor que me escreveste,
Deste-me a beber o mesmo vinho, da mesma fonte

Vi-te partir de olhos pesados em pleno abraço
E nunca mais me vi sorrir como sorria.

Dá-me amor assim em frases lindas, inquietas
Que eu amei-te até à exaustão de todos os gestos

E a solidão cobriu de negro a noite escura…


Paulo Sousa

10.06.2006

Um dia...

Um dia dirte-ei que te esqueci!

Quando tudo se tingir de branco e de leve.

Quando apagar as magoas e as indiferenças.

Quando tudo fizer sentido para alem de mim.

Deixarei de lado todas as palavras e sonhos

E todos os sufocos guardados para te dizer.

Deixarei de olhar o mar, de ouvir o som da noite

Deixarei que me levem as músicas e os poemas

Soturno, caminharei em marcha lenta e triste

Quando o meu corpo ganhar a cor de já não ser

Entre lágrimas e flores, entre gritos e saudades

Quando for só carne e osso e sangue e nada.

Quando o dia não tiver fim nem a noite madrugada

Quando esquecer tudo o que me é sagrado e que eu amo,

Nesse mesmo dia, amor, dirte-ei que te esqueci!

Paulo Sousa