10.05.2007

Dizeres II


Queria escrever-te, mas as palavras estão velhas e gastas, arquivadas, rebuscadas, como gavetas cheias de coisas fora de tempo e assombradas de memorias. Sei-as de cor e guardo-as para te sussurrar ao ouvido quando o amor deixar de queimar como acido na pele da alma. Guardo-as para nunca tas dizer.
Enquanto algures por aí, alguém escreve poemas de amor,
tu
Deitas-te de longe no silêncio do meu rosto adormecido,
e eu acordo em ti,
exposto, como o céu na superfície nua do mar.

5 comments:

Anonymous said...

este teu pequeno texto está genial, compreender que o sentimento profundo e abrangente não invoca a necessidade de se escrever, faz-se sentir na "pele da alma"
Parabens pelo (poema)!

Anonymous said...

Tocou-me, este texto poema...
"Guardo-as para nunca tas dizer", repito para mim, baixinho, sabendo que também eu tenho em gavetas que as tuas palavras fizeram lembrar...

Dalaila said...

Há fotografias que não precisam de ser tiradas!!!
há livros que nunca são escritos!
há palavras que ficam apenas na boca!

Mas os adormeceres e os acordares são sempre onde quisermos... no silêncio....

Raquel Branco (Putty Cat) said...

Bem......

Se querias escrever, conseguíste.

Arrepiaste-me e isso, não é nada, mas nada fácil de conseguir.

Parabéns pelo escrito.
Fabuloso, mesmo!

Beijo

Maurice said...

Gosto da leveza das tuas palavras.
O último verso está particularmente conseguido.

Abr