2.24.2007

Palavras...

Depois de tudo ficam sempre as palavras. As que disse, as que não disse, as que ouvi e que guardei, as que quis ouvir e com as quais sonhei.
Ficam os poemas e as rimas inesquecíveis, o poder dos grandes poetas tratando a lua por tu ou por mãe, fazendo da chuva as lágrimas da infinita tristeza ou a bênção e a dádiva da vida.
Ficam textos marcantes que registam momentos singulares de uma vida, de muitas vidas, que não sendo nossos espelham a nossa existência num sentido de grandeza poética e de pura inspiração.
Ficam sempre as canções numa memória cheia de tristezas e de desesperos ou de risos e quentes abraços, canções que sempre tomamos como nossas, como se as tivessem escrito para descrever o que sentimos, como se o autor nos conhecesse e nos cantasse.
Depois de tudo e no fim, ficam as palavras. Palavras que são a nossa vida, que recordamos, que revivemos, que dedicamos, que sentimos, que esquecemos, e que podemos sempre reordenar dando-lhes um novo sentido.

Paulo

2.15.2007

Se...

Se eu escolhesse amar-te serias mais uma ilusão que o tempo se encarregaria de diluir, de fragmentar, de destruir.
Se eu escolhesse amar-te serias só mais uma distância por entre tantas, mais um toque de dedos, um murmúrio junto ao ouvido que eu nunca daria, que eu nunca diria.
Se eu escolhesse amar-te como tantas vezes já te sonhei, como tantas vezes já te escrevi, já te pintei, já te construí e inventei, saboreei e decorei cada toque do teu corpo, sei que mesmo assim não te teria.
Ah, se eu te escolhesse! Se eu pudesse! Se tu pudesses…
Se pudesses ver-me cá do outro lado, ainda que não pudesses, escolher-me-ias! Ainda que não soubesses, amar-me-ias!
Mas tu não podes, não consegues ver-me e eu não posso escolher, não te posso amar.

Paulo Sousa