6.14.2007

Hoje sei...

Ensinei-te tantas coisas que nem me lembrava que sabia. Mostrei-te o caminho do silêncio, o verdadeiro som e o alimento que há na música. Levei-te a ver o cume da montanha e as flores que despontam, coloridas, na imensidão das rochas escarpadas.
No meu corpo dei-te a vida que despertavas em mim a cada toque e todo o prazer que gotejava com o suor das horas gritadas sem tempo.
Muito mais que as palavras e os gestos, nos teus olhos, nesse olhar profundo, deste-me o maior de todos os tesouros, a certeza de que é possível, de que existe esse devaneio descrito nas linhas dos poetas.
Caminhámos juntos de mãos dadas e sorriso nos lábios mas olhávamos em silêncio, sem saber, diferentes direcções.

Ficaste em mim...e eu devo ter seguido contigo!...

9 comments:

Anonymous said...

Profundamente lindo! Chocaste-me.
Lindo mesmo!

Pralaya said...

Mais um texto muito bom. a ultima frase diz o que acontece sempre quando algo acaba... "Ficaste em mim, e eu devo ter seguido contigo!..."
Fantástico

nOgS said...

Todos os que nos tocam profundamente deixam ficar algo e levam consigo, também algo de nós.

Um mimo merecido para ti aqui:

http://belovsky.blogspot.com/

Sonhador said...

Que dizer?
Será que bom chega? Ou deverei dizer muito bom?
Adorei!

Anonymous said...

Pois é, ainda dizes que só escreves umas coisinhas sem importância... E tens razão, escreves umas coisinhas sem importância, mas com muito sentido e grandiosa beleza.
Continua sempre.
Mil beijos.

Amiga Sandra

Luís said...

Vais voltar para ti... num silencioso final de tarde.

André Cunha said...

Genial, verdadeiramente genial!
Ficaste em mim...e eu devo ter seguído contigo!...
Esta "pequena" frase diz tanto...
Abraço

Anonymous said...

lindo... tão lindo...

Dalaila said...

Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?

Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.

Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.

Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.

Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.

Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.

Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.

E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.

(Raul de Carvalho)

Assim me deito nestas palavras...
:)