4.24.2008

Silêncios


Os dias também vivem do silêncio, quando a vida se cansa das palavras gritadas sem eco e sem retorno. Cansa-me o choro, o desabafo, os poemas, a tinta e o papel.
Nos dias em que tudo o que me sobra é um tempo prisioneiro do próprio tempo, que não sendo meu, sempre passa como a maior verdade de sempre.
Dias em que me grita bem do fundo da alma uma solidão que tenho que sentir, que é minha e de mais ninguém, como um luto sem eu saber de quem, sem saber de quê!


foto from olhares.com

4.02.2008

Dizeres VII

Havia entre nós um espaço enorme onde morar.
Erguemos copos de um vinho bom. Celebramos a fantasia de uma solidão adiada, ressentida. Num tempo que se quer sem curvas, que se quer intenso, que se quer por mais. Sem subterfúgios. Sem vincos de um passado alojado por entre a alma e a pele.
Havia uma janela aberta a uma madrugada feliz, havia a ternura de ver crescer o que se plantou. Havia muito sol poente em horizontes de azul. Havia uma imensidão de sonhos por cumprir.

Entre nós havia um espaço enorme onde morar!...