4.28.2007

(...)

Sentado a um canto vejo o tempo a passar. Indiferente. Os móveis adquirirem o tom baço do pó. As horas passam desordenadas, não as sinto. Não sei que horas são! Como se levitasse numa dimensão sem tempo, não me sinto envelhecer, sei apenas que anoiteceu outra vez.
Se fecho os olhos escapo no sonho, dou-lhe um rosto. É quase verdade não estar aqui, não ser eu, existires. Estendo a mão no vazio e por breves momentos existo.
Mais umas horas, a janela revela o novo dia, timidamente primeiro, depois em viva claridade.
No mesmo canto eu. Ao lado o tempo empastado nestas quatro paredes.

4.11.2007

Como o Lago...

Não sei nada, absolutamente nada! Mas quero abraçar este vazio, quero essa consciência e a simplicidade das pequenas coisas. Quero os dias uns atrás dos outros mesmo que sempre iguais, aprenderei que a luz se despede do dia devagarinho, que tudo é precioso porque passa e que a noite pode ser de paz e tranquilidade.
Não quero ver a vida a passar, quero me toque quando passa!
Quero cuspir ou engolir este nó na garganta (tanto faz)!
Quero mais alto o sonho. No meio desta inquietante ignorância aprender a não ter, quero a estrada de pés descalços e a alma atenta ao som do piano que sempre acende quando os silêncios ferem e consomem.
Como um lago, ver passar as estações, sentir a bênção da chuva quando cai e a inconstância do vento que não fica.
Quem sabe, envelhecer ao som do violino que sempre chorou dentro de mim mas que sempre foi melodia e foi razão para sonhar…

Paulo