Sentado a um canto vejo o tempo a passar. Indiferente. Os móveis adquirirem o tom baço do pó. As horas passam desordenadas, não as sinto. Não sei que horas são! Como se levitasse numa dimensão sem tempo, não me sinto envelhecer, sei apenas que anoiteceu outra vez.Se fecho os olhos escapo no sonho, dou-lhe um rosto. É quase verdade não estar aqui, não ser eu, existires. Estendo a mão no vazio e por breves momentos existo.
Mais umas horas, a janela revela o novo dia, timidamente primeiro, depois em viva claridade.
No mesmo canto eu. Ao lado o tempo empastado nestas quatro paredes.

